domingo, 12 de abril de 2009

Vida longa ao jornal impresso

Depois de passar os últimos dias lendo e relendo no webmanário http://webmanario.wordpress.com/ sobre jornais impressos, resolvi dar uma de palpiteiro, (está certo que não consigo controlar o tamanho dos meus comentários), mas ainda assim sinto falta de dar o meu pitaco a respeito de um assunto que eu sempre gostei.
Sou estudante de jornalismo, mas acima de tudo sempre preferi ler jornais do que pensar em escreve-los, então estudos a parte, quero passar o lado leitor e fã do jornal impresso.
Desde criança via meu pai lendo o jornal, e como o de costume ficava falando mal do governo, da saúde pública, dos impostos e por aí vai o drama, chegava na gráfica, (ele era tipógrafo), o assunto do dia se prolongava entre o pessoal das máquinas, o montador de textos nas chapas, o intercalador, o cara que fazia o corte na guilhotina, o digitador da linotipo, (era o mesmo que derretia o chumbo utlizado para fazermos os tipos, letras, digamos assim), e de certa forma além de ficar obssecado pelo papel do jornal, eu gostava do contraste das letras no papel, na gráfica do meu pai não se produzia jornal, as vezes tinham clientes que pediam impressões em papel jornal, mas ressalto que não faziamos jornais , nem revistas, pois não tinhamos offset, bom a lembrança da gráfica em geral vem a somar no fato de eu gostar de jornais, porque eu vivia no meio da construção da palavra, dos textos até a arte final , o serviço pronto, concluído quentinho para ser digerido, sejam notas fiscais, rifas, cartões, carnês, ingressos e tudo o que fosse papel com texto.
Cresci acompanhando uma revolução do que seria o antigo estilo de ser um tipógrafo, até o momento onde as máquinas foram evoluindo ao ponto de virarem apenas computadores, em geral hoje em dia o processo é muito diferente, embora eu ainda veja muitas gráficas com maquinário antigo, (máquinas do tamanho de um elefante jovem), o barulho era intenso a máquina passava o rolo de tinta na chapa, puxava o papel e do outro lado saia tudo pronto e numerado.
Saía de lá, e em casa jornal, noticia, comentários, chegando na gráfica o assunto se prolongava, porque é um tal de: "Tu viu o que o presidente fez? Aprovou uma lei absurda, bla bla bla", e isso era o que fazia mover o dia das padarias, lanchonetes, escritórios, a conversa sempre foi embasada naquilo que o pessoal leu no jornal.
Na internet a gente lê muito e se informa pouco, existe excesso de comunicação sem informação, e cada um é responsável e ciente daquilo que acessa, ou seja não estamos lendo dentro de um padrão, podemos ver claro nos principais portais as mesmas noticias, mas não são iguais, eu gosto de saber o que aconteceu no mesmo dia, mas prefiro me aprofundar no dia seguinte lendo no jornal impresso, com infográficos, entrevistas, sem contar que cada jornal tenta se destacar do outro com um algo mais, pois todos vão publicar a mesma noticia, mas o interessante é a forma com que cada um aborda, e daí entra o editorial, o que cada redação pensa a respeito, qual é a ideologia do dono do jornal em relação ao assunto e uma série de particularidades do impresso, que na internet não existem, ou se existem me desculpem não vejo, não acho graça e não perco uma hora lendo.
Mas o jornal impresso, eu não preciso cada vez que quiser ler; ligar o computador , esperar entrar no site e procurar a noticia, eu vou ali pego o jornal na mesa, manuseio até a página onde está exatamente o que quero ler, se depois eu jogar fora, ou colocar na gaiola do meu papagaio, o problema é meu, mas este momento eu-jornal , é excelente, ou você responde as palavras cruzadas do jornal pela internet?
Tenho um sério problema para expressar o que penso, e o problema é escrever muito, de tudo que escrevo talvez 10% do volume textual represente aquilo que eu quis dizer, mas eu não desisto.
Vamos lá, outra discussão interessante:
Os jornais gratuitos roubam os leitores do jornal pago?
Para mim a resposta é um simples e sonoro NÃO, vou me usar de exemplo, eu não compro jornal todos os dias, e também não leio os gratuitos todos os dias, mas se eu passar em uma banca e ler na capa do jornal :
ADRIANO ABANDONA O FUTEBOL E VOLTA PARA A FAVELA.
Com certeza o jornal gratuito também vai ter uma matéria falando do Adriano, agora vamos lá comprar o jornal e correr no metrô pegar um gratuito , e abrir a mesma noticia, suponho que o gratuito terá uma foto bem grande e pouco texto, ou uma foto pequena e pouco texto, mas e o jornalão , o standard que comprei? Vai ter uma foto grande , e um volume textual grande, mais completo, mais sério e com certeza mais informativo, o que faz concluir que o tablóide gratuito tem sim a mesma noticia, porém não com a mesma qualidade, afinal a proposta do gratuito não é concorrer com os grandes.
A partir disso entra a credibilidade do jornal, a politica editorial, isso tudo não pondo em cheque o nível dos repórteres e jornalistas dos gratuitos, pois podem muito bem ser bons profissionais , mas a proposta do jornal os impedem de explorar os fatos.
Outra curiosidade: O mesmo anúncio publicitário do jornal gratuito é muito, mas muito mais caro no jornal pago, por quê?

Credibilidade.

O comprador do jornal, pode ler o gratuito mas sabe diferenciar a qualidade da informação, agora as pessoas que só usam o gratuito para se manterem informados, estes,com gratuito ou sem já não comprariam o jornal mesmo que só existissem os pagos.
Para encerrar concluo que pegar o jornal na mão, atrapalhar-se para não bagunça lo, jogar em cima da mesa e depois pegar denovo a qualquer hora, usar para acender churrasqueira, forrar gaiola, guardar aquele que tem uma capa especial, recortar aquela entrevista famosa, sei lá esse tipo de coisa a internet jamais conseguirá, e enquanto existir em nós os cinco sentidos, digo que o jornal impresso fica, não sei se com o mesmo número de funcionários, também não fiz pesquisa alguma para escrever, mas continuam e encerro com o título do post: Vida longa ao jornal impresso!






Gutemberg Linotipo (essa eu lembro bem, embora fosse mais moderninha)

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