sexta-feira, 23 de maio de 2008

OS SETE PECADOS CAPITAIS


Certo dia, um casal ao chegar do trabalho encontrou algumas
pessoas dentro de sua casa. Achando que eram ladrões,
marido e mulher ficaram assustados, mas um homem forte e
saudável, com corpo de halterofilista disse:
- Calma pessoal, nós somos velhos conhecidos e estamos
em toda parte do mundo.
- Mas quem são vocês? - pergunta a mulher.
- Eu sou a Preguiça - responde o homem másculo.
- Estamos aqui para que vocês escolham um de nós para sair
definitivamente da vida de vocês.
- Como pode você ser a preguiça se tem um corpo de atleta
que vive malhando e praticando esportes? - indagou a mulher.
- A preguiça é forte como um touro e pesa toneladas nos ombros
dos preguiçosos, com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor.
Uma mulher velha curvada, com a pele muito enrugada, que mais
parecia uma bruxa diz:
- Eu, meus filhos, sou a Luxúria.
- Não é possível! - diz o homem - Você não pode atrair ninguém
com essa feiúra.
- Não há feiúra para a luxúria, queridos. Sou velha porque existo
há muito tempo entre os homens; sou capaz de destruir famílias
inteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos até a morte.
Sou astuta e posso me disfarçar na mais bela mulher.
E um mal-cheiroso homem, vestindo roupas maltrapilhas, que
mais parecia um mendigo, diz:
- Eu sou a Cobiça, por mim muitos já mataram, por mim muitos
abandonaram famílias e pátria; sou tão antigo quanto a Luxúria,
mas eu não dependo dela para existir.
- E eu, sou a Gula - diz uma lindíssima mulher com um corpo
escultural e cintura finíssima.
Seus contornos eram perfeitos e tudo no corpo dela tinha
harmonia de forma e movimentos.
Assustam-se os donos da casa, e a mulher diz:
- Sempre imaginei que a gula seria gorda.
- Isso é o que vocês pensam! - responde ela. - Sou bela e
atraente, porque se assim não fosse seria muito fácil
livrarem-se de mim.
Minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quem
tem a mim não se apercebe, mostro-me sempre disposta a
ajudar na busca da luxúria.
Sentado em uma cadeira num canto da casa, um senhor, também
velho, mas com o semblante bastante sereno, com voz doce e
movimentos suaves, diz:
- Eu sou a Ira.
Alguns me conhecem como cólera. Tenho muitos milênios também.
Não sou homem, nem mulher, assim como meus companheiros
que estão aqui.
- Ira? Parece mais o vovô que todos gostariam de ter! - diz a
dona da casa.
- E a grande maioria me tem! - responde o vovô.
- Matam com crueldade, provocam brigas horríveis e destroem
cidades quando me aproximo.
Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim,
posso estar em qualquer lugar e penetrar nas mais protegidas
casas. Mostro-me calmo e sereno para mostrar-lhes que a Ira
pode estar no aparentemente manso. Posso também ficar
contido no íntimo das pessoas sem me manifestar, provocando
úlceras, câncer e as mais temíveis doenças.
- Eu sou a Inveja.
Faço parte da história do homem desde a sua criação,
- diz uma jovem que ostentava uma coroa de ouro cravada de
diamantes, usava braceletes de brilhantes e roupas de fino
pano, assemelhando-se a uma princesa rica e poderosa.
- Como inveja, se é rica e bonita e parece ter tudo o que deseja?
- diz a mulher da casa.
- Há os que são ricos, os que são poderosos, os que são
famosos e os que não são nada disso, mas eu estou entre todos.
A inveja surge pelo que não se tem e o que não se tem é a
felicidade. Felicidade depende de amor, e isso é o que de mais
carece a humanidade... Onde eu estou, está também a Tristeza.
Enquanto os invasores se explicavam, um garoto, que
aparentava cerca de cinco a seis anos, brincava pela casa.
Sorridente e de aparência inocente, característica das crianças,
sua face de delicados traços mostravam a plenitude da
jovialidade, olhos vívidos...
E você, garoto, o que faz junto a esses que parecem ser a
personificação do mal?
O garoto responde com um sorriso largo e olhar profundo:
- Eu sou o Orgulho.
- Orgulho? Mas você é apenas uma criança?
Tão inocente como todas as outras. O semblante do garoto
tomou um ar de seriedade que assustou o casal, e ele então diz:
- O orgulho é como uma criança mesmo, mostra-se inocente e
inofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutível quanto
todos aqui, quer brincar comigo?
A Preguiça interrompe a conversa e diz:
- Vocês devem escolher quem de nós sairá definitivamente de
suas vidas. Queremos uma resposta.
O homem da casa responde:
- Por favor, dêem dez minutos para que possamos pensar.
O casal se dirige para seu quarto e lá fazem várias considerações.
Dez minutos depois retornam.
- E então? - pergunta a Gula.
- Queremos que o Orgulho saia de nossas vidas.
O garoto olha com um olhar fulminante para o casal, pois
queria continuar ali.
Porém, respeitando a decisão dirige-se para a saída.
Os outros, em silêncio, iam acompanhando o garoto quando
o homem da casa pergunta:
- Ei! Vocês vão embora também?
O Menino, agora com ar severo e com a voz forte de um
orador experiente, diz:
- Escolheram que o Orgulho saísse de suas vidas e fizeram a
melhor escolha. Porque onde não há orgurlho, não há Preguiça,
pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nada
fazer para viver ... não percebendo que na verdade vegetam.
Onde não há orgulho não há luxúria, pois os luxuriosos
têm orgulho de seus corpos e julgam-se merecedores.
Onde não há orgulho, não há cobiça, pois os cobiçosos
têm orgulho das migalhas que possuem, juntando tesouros
na terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo que
na verdade são instrumentos do dinheiro.
Onde não há orguho, não há gula, pois os gulosos se orgulham
de suas condição e jamais admitem que o são, arrumam
desculpas para justificar a gula, não percebendo que na verdade
são marionetes dos desejos.
Onde não há orgulho, não há ira, pois os irosos com facilidade
destroem aqueles que, segundo o próprio julgamento,
não são perfeitos, não percebendo que na verdade sua ira é
resultado de suas próprias imperfeições.
Onde não há orgulho, não há inveja, pois os invejosos
sentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio seja ele
qual for; precisam constantemente superar os demais nas
conquistas, não percebendo que na verdade são ferramentas
da insegurança.
Saíram todos sem olhar para trás, e, ao baterem a porta,
um fulminante raio de luz invadiu o recinto.
O casal desintegrou-se...
Dizem que viraram Anjos!

AUTOR DESCONHECIDO

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