quinta-feira, 10 de junho de 2010

DOUTORES DO GOOGLE? QUESTÃO DE OPÇÃO

Nos dias atuais opinar na internet é tarefa fácil para qualquer pessoa que tenha acesso a rede, com a chegada dos blogs o usuário pode expressar suas críticas sobre um filme que tenha assistido, uma peça de teatro, um show, e ser lido por milhares de pessoas, ou seja, o usuário comum com o poder de influenciar as pessoas com a sua opinião.
Sites noticiosos, portais agora disputam audiência com blogs, no entanto tantas possibilidades podem trazer a tona várias discussões iniciadas por jornalistas, especialistas em cibercultura e pesquisadores interessados no assunto.
Pollyana Ferrari, no livro Hipertexto Hipermídia defende que muitas pautas nas redações são inspiradas em informações que foram encontradas em blogs, o que comprova que os blogueiros não são apenas julgados por críticos, mas servem como referência para muitos jornalistas que descobriram através desta novidade um espaço com fontes dispostas a falar e que contam histórias e divulgam opiniões sem que o jornalismo precise cobrar, escrevem porque gostam.
Entretanto, alguns autores descartam vantagens deste avanço comunicacional e acreditam que os amadores não devem ser comparados a profissionais, como o caso de Andrew Keen autor do livro O culto do amador, aonde discute a questão da chegada da internet e o quanto isso trouxe prejuízo para diversas indústrias, como a fonográfica ,por exemplo.
Keen acredita que a internet pode ser prejudicial a cultura em geral, e destaca que as próximas gerações serão constituídas por doutores do google e Wikipédia, ainda no livro cita exemplos de verbetes que em questão de 10 minutos sofreram diversas edições no conteúdo o que comprova que a eficiência da Wikipédia é na verdade falha.
Não se deve levar tudo ao extremo, a internet tem vantagens inestimáveis, o que Andrew Keen questiona muito é a questão dos direitos autorais, músicas que as pessoas baixam de graça causam prejuízo ao artista e as gravadoras, filmes, livros, seriados, tudo o que antes era vendido hoje se consegue de graça ao se fazer um download.
Segundo Douglas Kelnner as pessoas são classificadas como as que pensam e as que não pensam, entende-se que a mídia em geral, seja a televisão, um jornal ou um site de notícias, escreve o que quer, sempre com ideologias políticas e econômicas, mas o cidadão que consome isso têm a opção de acreditar ou de parar para pensar e criar um debate.
Assim como o que é cultura na televisão, o que pode ser considerado cultura na internet, pode ser útil para algumas pessoas, ou completamente fora de sentido para outras, basta a análise e reflexão de quem consome mídia, seja cultural, esportiva, política entre infinitos temas disponíveis na internet.
Independente do conteúdo as pessoas são livres para pensarem, opinarem, os que se incomodam com o excesso de opinião, com a facilidade de se propagar mensagens, deveriam pensar em si próprios, as pessoas tem o direito de se expressar, não importa se são especialistas ou amadores, se publicar informação na internet fosse sinônimo de textos com credibilidade a rede seria um oceano de informações qualificadas, mas assim como existem bons textos e conteúdos, também existem os ruins, é a lei da oferta e da procura, se um blog é ruim porque ler? Basta sair dele e acessar outro blog, ou um site produzido por profissionais.
Só o fato disso tudo virar pesquisa científica e virar livro, já demonstra que mesmo as pessoas que postam em blogs, opiniões já fazem diferença, se não fizessem ninguém estaria preocupado com o que se acrescenta na wikipédia.
Andrew Keen ainda diz em O culto do amador, que se distribuíssem computadores com acesso a internet para milhares de macacos e eles digitassem sem parar por vários dias, mesmo sem saber escrever, após alguns dias se alguém fosse parar para ler o conteúdo seriam descobertos macacos Einstein, macacos gênios, poetas , cientistas, o exemplo vem a tona em um capítulo onde o autor fala sobre essa possibilidade do amador se achar no mesmo patamar do profissional.
Discussões a parte, a internet está aí e já conquistou as pessoas, já está dando prejuízo para jornais, revistas, diretores de cinema, artistas, músicos, mas, assim como é prejudicial de um lado é um ganho cultural de outro.
As questões debatidas podem ser vistas sobre vários ângulos, se é certo confiar no google ou na wikipédia, se um cidadão qualquer pode formar opinião, se o profissional ainda é o ser que possui maior credibilidade, questões variáveis, se o leitor desconfia de uma informação na internet continua possuindo a opção de ler um livro, de apurar a informação em outro lugar, o que não pode é só julgar a internet como uma desculturizadora da humanidade.
Se todos possuem livre arbítrio, santa ingenuidade dos crédulos que crêem em tudo o que lêem por aí, bastaria continuar cultivando o hábito de pensar e pesquisar em outros meios além do google, mas o que é certo e errado é difícil julgar. Só Deus que sabe...

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