segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Uma loucura chamada velocidade da informação

Esses dias andei pensando, aonde vamos parar, essa tecnologia toda sempre a frente de nós mesmos, internet de banda larga, microblogs, tudo muito instantâneo.
Preciso fazer um projeto de monografia na área de jornalismo e penso seriamente em fazer um mix sobre a velocidade da informação, nada mais passa em branco, qualquer rumor sobre algum assunto é veiculado na hora na internet, em seguida no telejornal e no outro dia no impresso ou em reportagens de revistas, ao mesmo tempo em que temos informação nos atacando como letreiros de neon, acabamos perdendo a percepção do que é importante.
Vamos imaginar que hoje no Brasil temos vários escandalos politicos e informações que podem ser relevantes caso existissem movimentos de verdade, gente na rua para tirar o Sarney da cadeira, por exemplo. Como ninguém faz nada acabamos lendo o Lead das matérias que de fato são importantes e um pop up pisca intensamente ao lado da noticia, fazendo propaganda de um tênis Nike, de um celular, ou convidando para adentrar em uma rede social, e junto a informação relevante, o pop up piscante, ainda temos a foto da atriz famosa de biquini flagrada na praia no final de semana, e os resultados dos campeonatos de futebol, a velocidade de tudo isso nos tira a concentração de algum tema especifico e nos faz ficarmos perdidos no meio de tudo isso e o pior de tudo sempre informados "por cima", não dominamos os assuntos, sabemos o fato em si, sem explorar o contexto lemos a matéria sem compreende-la de fato.
Enquanto somos bombardeados por informações, os veículos de comunicação agem desesperadamente para buscar audiência, o espaço publicitário invade a TV, o jornal, a internet, as revistas e torna-se prioridade dentro de um canal de comunicação, que sem os anúncios não sobreviveriam só de noticias.

Mas enfim o que isso pode representar para nós usuários?

O fato de hoje o acesso ser imediato, em tempo real também afeta (e futuramente saberemos bem disso) a cultura em geral da humanidade, imagino em poucos anos as pessoas lendo resenhas literárias, e não livros, pesquisando sobre um tema para estudos pelo google e não se aprofundando como antigamente.
A cultura se perde, e dentro desse pensamento devemso nos preocupar com o futuro de todos nós usuários da WEB 2.0 porque essa falta de conhecimento só nos torna superficiais, irrelevantes, se temos tudo mastigado porque pararmos para pensar? Será que algum dia existirá algum movimento como o Romantismo? Existirá no mundo outro Euclides da Cunha, outro Machado de Assis? Isso é preocupante, pois o acesso ilimitado a informação resulta em lermos bobagens que nem sempre coincidem com a relidade, somos super informados e ao mesmo tempo super mal informados, pensamos menos, deixamos de ler um livro sobre um tema cientifico e lemos um artigo , ou um resumo do assunto no Wikipédia, e aí como serão os médicos, advogados, engenheiros, professores das próximas gerações, graduados pelo google, vestibulandos que passam em provas porque nos cursinhos tiveram resumo do resumo dos fatos, vão direto a resposta final e exata sem o processo de aprendizado correto.
o que você lê na internet é 100% confiável, se lemos no portal e para termos certeza recorremos a wikipédia e o conteúdo está lá igualzinho ao noticiado, será que se formos atrás de livros escritos por pesquisadores o que foi estudado de fato coincide exatamente com o google?
Para que a cultura não se perca o ideal é que o acesso fosse mais restrito, pelo menos as notícias, reportagens mais elaboradas, não pode ser tudo tão rápido e de fácil acesso, digo gratuito, desta forma a pesquisa verdadeira, as novas filosofias e movimentos vão desaparecendo, e num passar de 20 anos o homem não fundou nada de diferente ou novo, a tecnologia sugou o conhecimento para evoluir enquanto nós ficamos atrasados mentalmente e 2.0 virtualmente, o que isso significa, aonde esta loucura vai parar? Daqui a pouco seremos Doutores do Google, e daqui a 50 anos quem estiver na escola continuará estudando a Revolução francesa, o descobrimento do Brasil, o romantismo, o barroco, etc; E o que aconteceu dos anos 90 pra cá? Nada a tecnologia evoluiu isso é certo mas a questão é outra, e nós? O que teremos para contar, que vivemos na geração ilha? Somos ilhas que conversam com outras ilhas virtualmente e não sabemos o que é inovar no campo da intelectualidade.
Não me acho superior a ninguém, na verdade também sou vitima das inovações tecnológicas, também troco uma visita a um amigo para conversar no msn, também troco um livro por várias páginas na internet, mas e aí quando isso vai mudar? Quando voltaremso a ser mais humanos e menos robôs?

Um comentário:

Unknown disse...

Ótimo texto e dele podemos discutir muito, concordo com as tuas palavras!
A velocidade da informação e efemeridade com que tratamos acontecimentos e lançamentos de novas tecnologias é assustador! Não dúvido de que se descer um disco voador no centro de alguma grande cidade tenha gente que nem se assuste, pois é só isso que falta mesmo. Estudos indicam que por dia somos bombardeados com anúncios e marketings midiáticos em um grau que nossos avós não viram em 50 anos de vida, isso mesmo, o que nós vemos de propaganda em um dia, eles não viram durante toda as suas vidas! E assim vamos vivendo nesse nosso mundinho onde ter é melhor que ser!